Afinal, o que é um token?

O surgimento de novas tecnologias traz novos termos para o nosso vocabulário, como a palavra “token”. Entenda sua relação com as criptomoedas.

O aparecimento das criptomoedas, há mais de uma década, e sua formidável ascensão nos últimos anos acabaram inserindo em nosso vocabulário novos termos que, aos poucos, vêm ganhando mais popularidade.

Um caso emblemático disso é a palavra “token”, de uso corrente na língua inglesa e que agora passa a ser adotada em quase todos os idiomas do mundo, graças às moedas digitais.

Neste artigo, vamos entender melhor o que é um token e qual é a sua relação com o fantástico mundo das criptomoedas.

Qual é a origem da palavra “token”?

“Token”, em língua inglesa, possui diversos significados, dependendo do contexto em que a palavra é usada. No entanto, sua relação com as criptomoedas tem mais a ver com o comércio, já que “token” é o que conhecemos aqui no Brasil como “vale”, do tipo “vale-desconto”, “vale-prêmio”, “vale-presente”, “vale-refeição”, ou seja, aqueles cupons que não são propriamente dinheiro, mas podem ser trocados por produtos ou descontos em lojas e outros estabelecimentos comerciais.

Tudo indica que as criptomoedas são uma evolução dos primeiros ativos digitais que tinham, justamente, esta finalidade: funcionar como “tokens” ou “vales” virtuais, cujo objetivo era fomentar o comércio eletrônico de forma segura e conveniente.

Qual é o significado de “token” nas criptomoedas?

De forma mais técnica, podemos dizer que o token é um ativo criptografado, fungível e negociável através de uma rede distribuída de registros chamada blockchain. Fungível é a qualidade de um ativo que pode ser substituído por outro idêntico sem prejuízo da sua funcionalidade.

Esses tokens são geralmente criados, distribuídos, vendidos e circulados através de um ICO, sigla em inglês para oferta inicial de moedas, conceito muito parecido com o IPO, ou oferta inicial de ações, que é quando uma empresa abre seu capital na bolsa de valores.

Como os tokens digitais são usados hoje em dia?

O advento das criptomoedas e, sobretudo, da tecnologia blockchain está provocando uma verdadeira revolução no mundo financeiro.

Isso porque o registro seguro e distribuído das transações através de uma rede virtual sem intermediários está permitindo uma gigantesca redução de custos, especialmente em negociações internacionais. Todo aquele enorme aparato bancário, financeiro e jurídico necessário para fazer um investimento e comprovar a propriedade de um ativo já começa a perder o sentido com o desenvolvimento da blockchain, que faz tudo isso de forma muito mais simples, barata e segura.

Dessa forma, estamos vendo cada vez mais empresas optando por “tokenizar” ativos e negociá-los através da blockchain, em vez de usar o sistema financeiro tradicional.

Exemplo de tokenização

Como vimos, o token é uma representação digital de um direito ou ativo no mundo real. Portanto, a tokenização é o ato de transformar esse direito ou ativo físico em um ativo digital através da criptografia, realizando seu registro e transação por meio da blockchain.

A tokenização permite, por exemplo, que o direito de propriedade de um imóvel seja fragmentado em porções digitais criptografadas (isto é, tokens), viabilizando sua negociação fracionada entre várias pessoas ou empresas, as quais teriam um direito de propriedade proporcional aos tokens adquiridos.

Para ilustrar melhor essa ideia de tokenização, imagine que uma gestora do ramo imobiliário decida arrecadar recursos com investidores para adquirir, reformar e alugar apartamentos no centro de São Paulo. Para tanto, essa empresa faz a emissão de tokens, isto é, ela fraciona o direito de propriedade desses apartamentos em ativos digitais, que passam, então, a ser oferecidos no mercado para investidores que desejam ser donos dessas propriedades e receber uma parte do aluguel proporcional ao volume de tokens adquiridos.

Foi justamente isso o que o banco BTG fez em 2020, quando lançou o ReitBZ, primeiro token da América Latina com lastro em cotas de fundos imobiliários. Na prática, tudo funciona como um fundo imobiliário convencional, com cotas emitidas e negociadas na bolsa de valores. Mas, nesse caso, todo o processo é feito através de tokens na blockchain do Ethereum, segunda maior criptomoeda em valor de mercado.

Ao adquirir um token ReitBZ, o investidor passa a receber uma parte da renda gerada pelos fundos imobiliários do portfólio da gestora.

É possível perceber, portanto, que os tokens digitais chegaram para mudar completamente a forma como registramos e negociamos bens e direitos, graças à remoção de barreiras geográficas para as transações, agilizando muito mais o processo a um custo mais baixo e sem qualquer prejuízo da segurança.